sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cafetões do Tráfico Internacional

Titulo original:
Cafetões do tráfico internacional assediam jovens na Orla de Natal
texto: Gabriela Olivar e Wagner Oliveira

Garota de programa diz que traficantes de mulheres oferecem viagens para a Europa com "mil vantagens"

"Eles param o carro, descem e oferecem um milhão de vantagens pra gente ir". A declaração é de Ana Beatriz (nome fictício), garota de programa de 19 anos que trabalha na Praia do Meio, Zona Leste de Natal. Ela refere-se à abordagem dos cafetões agenciadores de mulheres para o exterior. Conforme mostrou a reportagem do Diário de Natal na edição do último sábado, muitas delas são levadas para países estrangeiros e tornam-se reféns no mundo do tráfico internacional feminino.

Ana Beatriz contou que já foi abordada pelo menos duas vezes por aliciadores. "Eles contam como será a viagem ao exterior, o tempo de contrato, que geralmente é de três meses, e o quanto a gente vai ganhar".

Segundo a jovem, cada programa fora do país, geralmente nas boates, pode render cerca de R$ 500, sendo R$ 200 para a garota e o restante para o agenciador. Pelo menos é o que garante o "cafetão". "Mas eu nunca caí nessa, sei que é barca furada", garante, justificando que conhece "algumas colegas e até travestis" que tornaram-se prisioneiros em países distantes, principalmente na Europa. "Uma menina que trabalhava aqui comigo acabou se envolvendo com um gringo que encheu ela de presentes, e, quando ela viajou e foi morar com ele, teve que devolver em dinheiro tudo que tinha ganhado".

O relato mostra que o problema da "escravidão" envolvendo brasileiras pode não se restringir à ação dos agenciadores e grupos organizados, mas de pessoas "comuns", estrangeiros que veem ao Brasil com o único intuito de buscar mulheres. "E eles são violentos e muito exigentes", descreve a jovem.

Quando foi informada pela reportagem da prisão de um potiguar e um empresário italiano pela Polícia Federal na semana passada, Ana afirmou ter uma amiga que foi vítima de um grupo como esse. "Ela foi pensando que era uma coisa e era outra; só conseguiu sair de lá porque conheceu uma menina que ofereceu ajuda e facilitou a vinda de volta pra Natal", relata. "Mas hoje ela está presa, pois acabou se envolvendo com o tráfico de drogas aqui", lamenta.



A PF no Rio Grande do Norte prendeu um aliciador potiguar e um empresário italiano, acusados de manter uma rede ligada ao tráfico internacional de mulheres no RN, PE, RJ e SP. Durante as investigações, o órgão levantou que cerca de 100 brasileiras podem estar sendo mantidas como reféns na Itália. Com promessas de trabalho e uma vida melhor, as mulheres, que têm entre 20 e 30 anos, acabam contraindo dívidas com os agenciadores sem saber e são proibidas de retornar ao seu país de origem.

A PF no RN informou, por meio da assessoria de comunicação, que, embora houvesse a expectativa de obter mais informações durante o fim de semana passado, ainda não há novidades sobre o caso. A dupla, contudo, continua presa na carceragem da superintendência em Natal, e o órgão brasileiro afirmou já ter entrado em contato com a polícia italiana e a Interpol para que as vítimas do esquema sejam localizadas.


2 comentários:

  1. O que eu estranho nesse caso, é o fato dos nomes das pessoas envolvidas no tráfico de mulheres não serem citados e, nem suas caras mostradas através da mídia escrita ou televisionada.Qual a razão para tal fato?- Os mesmos têm muito dinheiro ou são bandidos de colarinho branco?Alguém pode me responder?

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  2. Ahhh ta...mas tem um monte delas que vao sabendo das condicoes e depois quando a policia pega elas...fazem cara de paisagem e dizem que foram aliciadas

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